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Um fim de semana diferente na Santo Amaro de Caetano e Dona Canô

Publicado em: 14/03/2024
Por: Adilson Fonseca
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A Bahia tem tanta coisa bonita para ver que esse tempinho que a pandemia nos tomou serviu para aumentar a saudade e caprichar num roteiro imperdível.

Você está em Salvador, mas a tão sonhada praia do final de semana não é tudo. Você quer mais. Então que tal uma programação diferente com uma pequena esticada, daquela do tipo bate e volta, a Santo Amaro, a apenas 70 quilômetros da capital. Lá o clima é de interior mesmo, com um mercado municipal onde se pode tomar um café da manhã típico, casarios coloniais, e muito samba e história.
Não é à toa que Santo Amaro é o berço do samba, de onde ele nasceu, foi para o Recôncavo, Salvador e para o rastro do Brasil na década de 30, com Assis Valente, e mais tarde, com a Bossa Nova, com Caetano Veloso e Maria Bethânia, os mais ilustres filhos da terra. A cidade, no coração do Recôncavo Baiano, abriga várias construções do século 18 e 19, incluindo a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Purificação, a Casa de Câmara e Cadeia, o chafariz, a Santa Casa da Misericórdia, a Igreja de Nossa Senhora do Amparo e a Igreja do Senhor Santo Amaro.

Com aproximadamente 60 mil habitantes, é caminho quase que obrigatório para a histórica cidade de Cachoeira, tombada pelo Patrimônio da Humanidade a 40 quilômetros dali, e para praias no interior da Baía de Todos os Santos, como Cabuçu e Saubara, além da baía interior, da de Iguape, onde ainda existem vários quilombos, remanescentes da época da escravidão no Brasil e do ciclo da cana de açúcar na Bahia.
Famosa por suas festas populares, dentre as quais a Lavagem de Santo Amaro (Festa de Nossa Senhora da Purificação), que acontece todos os anos, de 24 de janeiro a 02 de fevereiro, a cidade tem um intenso calendário cultural ao longo do ano. A Lavagem de Santo Amaro, durante décadas, foi organizada por Dona Canô, mãe do cantor Caetano Veloso falecida em 12 dezembro de 2012, com sua famosa novena. A festa do Bembé do Mercado, em 13 de maio, é outra festa bem popular, pois comemora, de forma artística e lúdica pelas ruas do distrito de Acupe, a assinatura da Lei Áurea, em 13 de maio de 1888.
Cultura pra todos os lados – Estar em Santo Amaro num final de semana, começando na sexta ou no sábado, é um passeio pela história e cultura do Recôncavo Baiano e do período da escravidão no Brasil, dos ciclos econômicos e da época que antecedeu à Proclamação da Independência da Bahia, em Julho de 1823, um ano após a Independência do Brasil. São monumentos e manifestações culturais diversas.
Vale uma visita, por exemplo, ao Museu do Recolhimento dos Humildes, que tem em seu acervo centenas relíquias como imagens barrocas do século 18 e mobiliário do século 19. Tem também as ruínas da Capela de São Brás, do final do século 17, a 7 quilômetros da cidade, ou mesmo a Casa do Samba em Santo Amaro, um espaço cultural no centro da cidade, instalado no solar Subaé, um casarão do século 19. O Samba de Roda é considerado  um patrimônio cultural da humanidade na lista da Unesco desde 2005. A cidade é um centro de referência do Samba de Roda na Bahia.

Patrimônios históricos
Igreja Matriz de Nossa Senhora da Purificação: inicio da construção em 1706; fim da construção no fim do século XVIII; tombamento pelo IPHAN em 1941; usada para culto religioso. Levou quase um século para ser construída. Possui uma pintura ilusionista italiana que era moda na Bahia na segunda metade do século XVIII, além disso, possui 10 painéis de azulejos azuis portugueses.
Casa de Câmara e Cadeia Pública: inicio da construção em 1727; fim da construção em 1769; tombamento pelo IPHAN em 1941; usada como Sede do Governo Municipal. Feita a imagem e semelhança da Câmara de vereadores de Salvador, possui pinturas de Dom Pedro I, Dom Pedro II, Barão de Sergy e Nossa Senhora da Conceição. Em sua parte posterior, há um pequeno jardim semicircular. Antigamente funcionava na casa uma cadeia, o prédio atualmente abriga a Câmara Municipal e a Prefeitura.
Solar do Biju – Inicio da construção em 1804; fim da construção em final do século XIX (momento em que adquire a configuração atual); tombamento pelo IPHAN em 1943; usado como biblioteca e memorial. Era muito utilizado para o comércio. Foi palco de vários fatos históricos como o nascimento do Barão de Sergy e a assinatura da ata de vereança de 14 de junho de 1822, 1º documento a manifestar o desejo de independência entre Brasil e Portugal. Abriga uma biblioteca e o museu e galeria de arte Caetano Velloso.
Santa Casa de Misericórdia (Hospital Nossa Senhora da Natividade): Início da construção em 1778; fim da construção em 1854 (fim da ampliação); tombamento pelo IPHAN em 1962; usada como hospital. Possui imagens de: Nossa Senhora das Dores, Menino Jesus, Senhora Santana, São Joaquim, Nossa Senhora da Conceição e Senhor do Bonfim. Encontra-se atualmente sob administração da fundação FABAMED.

Convento de Nossa Senhora dos Humildes: Início da construção em 1793; fim da construção em 1870; tombamento pelo IPAC em 1981; usada para culto religioso e museu. Além de igreja funciona nas instalações um museu de arte sacra. Possui várias imagens como Nossa Senhora dos Anjos, São Miguel e Santa Rita.
Igreja de Nossa Senhora do Amparo: Início da construção em 1818; fim da construção em Provavelmente em 1907; não há tombamento; usada para culto religioso. Carece de proteção (IPAC ou IPHAN). Possui várias imagens como Senhor Santo Amaro, São Gonçalo, Santa Rita e Nossa Senhora da Vitória e Jesus Crucificado.
Igreja de Nossa Senhora da Oliveira: Início da construção em 1768; fim da construção em 1856 (atual configuração); tombamento pelo IPHAN em 1942; usada para culto religioso. Localizada no distrito de Oliveira dos Campinhos. Possui imagens de Nossa Senhora das Dores e Nossa Senhora da Oliveira, além disso, possui quadros de Nossa Senhora e Menino Jesus.
Igreja do Senhor Santo Amaro: Início da construção em 1667; fim da construção em Fim do século XIX (momento em que adquiriu a configuração atual); não há tombamento; usada para culto religioso. Popularmente conhecida como igreja de Santa Luzia, possui imagens de Santo Amaro, Nossa Senhora dos Navegantes, Santa Luzia, Nossa Senhora da Vitória, Nossa Senhora da Conceição e Santa Rita dos Impossíveis. Possui 4 sinos. A transferência da freguesia de Santo Amaro da Purificação para o entorno da igreja, deu início a urbanização da cidade de Santo Amaro.
Solar Araújo Pinho: Início da construção em Inicio do século XIX; fim da construção em 1859 (momento em que houve o acréscimo do 2º pavimento); tombamento pelo IPHAN em 1978; usado para eventos. Atualmente, funciona no local a “Casa do Samba” que reúne vários sambadeiros e sambadeiras de todo recôncavo baiano. Foi o local de estadia do Imperador Dom Pedro II durante sua visita a Santo Amaro, momento no qual seu dono a época o Conde de Subaé construiu um segundo pavimento para estadia do Imperador.


Solar Paraíso: Início da construção em Final do século XIX; fim da construção em  Final do século XIX; tombamento pelo IPAC em 1986; usado para eventos. Localizado no alto de uma encosta na periferia da cidade, fica logo acima da igreja de Santa Luzia. O local onde fica o solar foi um dos marcos iniciais da cidade de Santo Amaro. Atualmente pertence a proprietária Lucília Libório.
Santa Casa de Misericórdia de Oliveira (Hospital Nossa Senhora da Vitória): Início da construção em 1856; fim da construção em 1866; não há tombamento; usada como hospital. Localizada próxima a Matriz local do distrito de Oliveira dos Campinhos, guarda imagens de: Nossa Senhora das Vitórias, São Roque, São Francisco, Deus Menino e Deus Crucificado.
Chalé na Praça 14 de Junho (Clube Social Irapuru): Início da construção em Final do século XIX; fim da construção em Final do século XIX; não há tombamento. Antigo ginásio santoamarense, foi sede do clube social Irapuru.

Festejos populares
Terno de Reis Filhos do Sol –  Organizado pela família Veloso, faz parte dos festejos natalinos, inspirado nos três reis magos. (janeiro: data móvel)
Festa do Senhor Santo Amaro: Comemoração ao santo, com a realização de novenário e quermesse. (6 a 15 janeiro)
Festa de Nossa Senhora da Purificação (Lavagem de Santo Amaro) – Festa em louvor a Nossa Senhora da Purificação. Uma das mais tradicionais do estado, com novena (conhecida como “novena de Dona Canô”), lavagem do adro da igreja e procissão. (24 de janeiro a 02 fevereiro)
Aniversário da cidade: Data em que se comemora a elevação de Santo Amaro à categoria de cidade. (13 de março)
Bembé do Mercado: Evento comemorativo da assinatura da Lei Áurea. Único candomblé de rua do mundo, com diversas manifestações culturais. (Fim de semana do dia 13 de maio)
Data Magna: Data da assinatura da Ata de Vereação. (14 de Junho)
São João – Com apresentação de quadrilhas e shows musicais.
Independência da Bahia – Comemorado com cortejo da Cabocla passagem do fogo simbólico vindo de Cachoeira e desfile de bandas marciais.( 2 de Julho)
Independência do Brasil – Comemorado com desfile das escolas, de cavalos e apresentação de bandas de fanfarras da cidade. (7 de Setembro).
Festa de Nossa Senhora de Oliveira dos Brejinhos – Festejo no distrito de Oliveira dos Campinhos à padroeira local, com a realização de novenário, shows e a tradicional lavagem.(setembro: data móvel)
Festa de Nossa Senhora do Rosário -: Festejo em homenagem a Santa com novena e festa profana nos arredores da igreja. (1ª quinzena de Outubro)
Museu, teatro e espaços culturais
Museu dos Humildes: Instalado no Convento de Nossa Senhora dos Humildes, o Museu dos Humildes, conta uma história de 200 anos de devoção. Fundado em 1808, o espaço foi criado para abrigar meninas órfãs, escravas, viúvas e filhas de senhores de engenho. Essas mulheres aprendiam sobre catolicismo e afazeres domésticos. Em 1980 o convento passou a abrigar o Museu. O Acervo se constitui por imagens sacras ornamentadas pelas mulheres e artesanato produzidos por elas. Além disso o Acervo conta também com cristais, pratarias, mobiliário, porcelanas e objetos litúrgicos. São cerca de 500 peças datadas do século XIX e tombadas pelo IPHAN em 1995. O espaço possui cooperação com o Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia e sua conservação cabe a Diretoria de Museus do Instituto.
Teatro Dona Canô: Construído pelo Governo do Estado da Bahia com apoio da Fundação Cultural do Estado da Bahia em homenagem a matriarca da família Veloso. Foi implantado em uma área histórica da cidade no antigo Cais de Araújo Pinho, inaugurado em 2001, reuniu vários artistas locais e nacionais através do projeto Dona Canô Chamou.
Casa do Samba: A Casa é um Centro de Referência, apoio, estudo e difusão do Samba de Roda da Bahia. A inauguração da Casa do Samba representa a abertura de um novo espaço de atuação dos sambadores e sambadeiras e do reconhecimento dessa expressão como patrimônio da humanidade. Na Casa do Samba são desenvolvidas atividades contemplando projetos de pesquisa, extensão e produção cultural; formação, capacitação e treinamento dos sambadores e sambadeiras; cursos e oficinas nas áreas de gestão, produção cultural, elaboração de projetos, captação de recursos, marketing, comunicação, pedagogia, artes cênicas e musicais, dentre outros.
Memorial Edith do Prato: O Memorial de Dona Edith do Prato funciona na câmara dos vereadores e é composto por fotos, pelo prato que ela utilizava como instrumento para seu samba, as roupas que vestia nas apresentações, vídeos, cd’s entre outros.  Há também encontro com escritores e cursos no espaço. Dona Edith, utilizava como instrumentos musicais o prato e a faca que raspava no prato.  Faleceu em 2009, deixando sua marca no samba de roda
Núcleo de Incentivo Cultural de Santo Amaro (NICSA): Idealizado pelo Professor José Silveira e inaugurado em junho de 1987, o NICSA tem aliado ações voltadas à promoção da saúde e da cultura com a responsabilidade social.  Constituído pelo Memorial José Silveira, Escolinha Adroaldo Ribeiro Costa e a Biblioteca Padre José Gomes Loureiro, o NICSA fortaleceu suas ações em 2014, beneficiando a população santoamarense, terra natal de José Silveira, que fincou as bases desse trabalho social voltado ao incentivo à vida saudável, preservação da cultura local e estímulo à leitura

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