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Um paraíso perdido que deve ser visitado na Chapada Diamantina

Publicado em: 18/05/2023
Por: Adilson Fonsêca
Atenção: Caso qualquer das fotos que ilustram essa matéria seja de sua autoria nos informe via WhatsApp (71) 9.9982-6764 para que possamos inserir o crédito ou retirar imediatamente.

A distância dois principais centros urbanos é um dos principais obstáculos, mas a beleza natural, histórica e cultural compensa. Para quem está em Salvador e conhecer esse paraíso que se chama Rio de Contas, o percurso é de 738 quilômetros. De Vitória da Conquista essa distância é de 271 quilômetros, 599 quilômetros para Porto Seguro e 483 para Ilhéus. Essas são as cidades, além da capital, que possuem voos regulares para algumas das principais capitais brasileiras.
Com uma população de aproximadamente 15 mil habitantes, incluindo seus distritos e zona rural, Rio de Contas foi a primeira cidade planejada no Brasil. A vila de Nossa Senhora do Livramento das Minas do Rio de Contas foi criada em 1723, e teve sua sede transferida para um local planejado, o Pouso dos Crioulos, em 1745. O Pouso dos Crioulos já existia desde o século XVII.


O povoado conhecido como “Pouso dos Crioulos” é a atual sede de Rio de Contas, e surgiu graças à presença de escravos alforriados e fugidos durante o século XVII. O povoado foi descoberto em 1681, e já na última década do século XVII, a localidade já se transformara em destino de viajantes, notadamente mineiros e comerciantes vindos de Minas Gerais e de Goiás, de passagem para Salvador.
Com a descoberta de ouro na região, no leito do Rio de Contas, seus afluentes e serras em redor, no início do século XVIII, ocorreu um intenso afluxo de desbravadores portugueses, paulistas, mineiros e baianos à região, fazendo surgir o primeiro povoado, hoje distrito, Mato Grosso, localizado a 1.450 metros de altitude, e também a primeira igreja da região, a de Nossa Senhora do Livramento, em 1715.

Rica em ouro, abundante no leito do Rio de Contas, a antiga vila viveu, na segunda metade do século XVIII, uma época de grande prosperidade econômica. As famílias mais ricas importavam da Europa peças de uso pessoal e de decoração e, numa celebração à abundância, pó de ouro era lançado nos Imperadores e Rainhas durante as procissões da Festa do Divino Espírito Santo, que continua sendo celebrada até hoje. Também são desta época os casarões em estilo colonial, hoje tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

Com o esgotamento do ouro, por volta de 1800, a região viveu um período de estagnação econômica, agravada na década de 1840, com a descoberta de diamantes em Mucugê, no outro extremo da Chapada Diamantina. Contudo, a região continuou sendo uma escala obrigatória no Caminho Real. Durante o século XIX, todo o tráfego para o sudoeste da Bacia do Rio São Francisco continuava a ser feito por esse caminho. Além disso, a Casa de Fundição trouxe à vila a técnica da joalheira, o que gerou uma metalúrgica artesanal que se transformou na base da economia local.

Tradição arquitetônica – A cidade de Rio de Contas preserva de forma exemplar o seu patrimônio histórico e arquitetônico, presente no traçado antigo de praças e ruas amplas, igrejas barrocas, monumentos públicos e religiosos em pedra e o casario em adobe. O conjunto arquitetônico de Rio de Contas, constituído, basicamente, por edifícios da segunda metade do século XVIII e início do século XIX, foi tombado pelo IPHAN em 1980.

A cidade é, atualmente, polo ecoturístico da Bahia e além das centenas de edificações históricas da área urbana, nos arredores de Rio de Contas encontram-se vestígios de represas, aquedutos, túneis e galerias, que testemunharam a grande atividade de mineração naquele sítio. O filme “Abril despedaçado” (2001), do cineasta Walter Salles, teve parte de suas cenas rodadas em Rio de Contas, junto com a cidade de Caetité e as localidades de Ibiraba e Bom Sossego, pertencentes aos municípios de Barra e Oliveira dos Brejinhos, respectivamente

Roteiro histórico

Prefeitura Municipal – Antiga vivenda de família bastada, a casa sofreu grandes modificações com a sua transformação em edifício público. Sua planta se mantém fiel à tradição original. A presença de duas escadas no interior da residência é observada apenas nos sobrados mais requintados e indica estratificação de classe. A escada helicoidal é típica do final do século XIX, mas não se sabe ao certo a data de fundação do edifício.
Está localizada na Praça Do Rosário, atualmente conhecida como Largo do Rosário. No centro da praça existia, até a década de 1930, uma igreja dedicada a Nossa Senhora do Rosário, que foi demolida.

Teatro São Carlos – É um pequeno teatro datado de 189. De construção simples, denota na sua fachada atual denota influência Art-Decó. Ele é possivelmente o 12º teatro do Brasil e o 2º da Bahia. Está situado na Praça Do Rosário, a maior da cidade, atualmente conhecida como Largo do Rosário. O edifício integra o Centro Histórico de Rio de Contas, tombado pelo SPHAN, e é utilizado para realização de shows e peças de teatro.
Casa de Câmara e Cadeia – A antiga Casa de Câmara e Cadeia foi toda construída em alvenaria de pedra. Funcionava no térreo a cadeia, a casa do carcereiro e do corpo-da-guarda; enquanto que no 2º pavimento, a Câmara e Audiência. Era considerada a cadeia mais temida de todo alto sertão da Bahia. O edifício está localizado na parte mais baixa da Praça Senador Tanajura, antiga Praça da Matriz.
Arquivo Público Municipal – O prédio abriga documentos datados do século XVIII, a partir de 1724, contendo cartas de alforrias, registros de escravos, decreto de império, um divórcio eclesiástico de 1882. No primeiro semestre do ano de 2016, mais de 80 mil documentos foram digitalizados através do Projeto “Preservando a Memória Documental da Chapada Diamantina”, realizado pela equipe técnica do IPHAN.
Mercado Público Municipal – A construção do Mercado Público Municipal foi iniciada pelo Intendente Coronel Carlos Souto. Mas foi inaugurado em 1927 pelo Coronel Rodolfo Abreu. Sua estrutura foi constituída em alvenaria de pedra, vazada por arcos. No local funciona a Biblioteca Municipal.
Igreja Matriz do Santíssimo Sacramento – Exemplo de arquitetura religiosa que se conserva em todo o sertão baiano. Foi construída no século XVIII, e não foi concluída. Sua construção foi feita em alvenaria de pedra, pela mão escrava, e ostenta notável carpintaria
Igreja de Senhora Santana – Possui três naves e capela-mor, que se comunica com as sacristias laterais. É provável que a preferência pelas três naves tenha sido trazida pelos mineiros, que chegaram à região em busca de pedras preciosas. Os muros em alvenaria de pedra não foram rebocados, salvo o frontão e parte superior da fachada. A construção deve ter sido paralisada em torno de 1850, quando ocorreu o êxodo da população local para as minas de diamante de Mucugê, Lençóis e Andaraí.
**** O Pico do Barbado é o pico mais alto do Nordeste brasileiro e da Bahia com cerca de 2.033 metros, estando localizado no limite entre os municípios de Rio do Pires e Abaíra, na Bahia. É uma formação geológica de rara beleza e se encontra em uma área de proteção ambiental devido a sua exuberante riqueza botânica. É parte integrante da Chapada Diamantina. Existe uma trilha para subir o pico a partir de Catolés. Pode-se ir de carro até a última casa da rua, ao alto, da qual sobe-se duas horas e meia ao topo. Do alto avista-se vários picos como Itaobira e Pico das Almas mais longe e serras como a Serra da Tromba.

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